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domingo, 29 de maio de 2011

Hicoulture-se sobre o Jeans


Esse assunto vai render alguns posts. Vamos começar com um pouco de história sobre este que é o item que não pode faltar no guarda-roupa de ninguém.
Muita gente pode saber que o primeiro jeans foi feito por Levi-Strauss, mas possivelmente não sabe de onde surgiu a sua ideia.
Durante o século XIX, acontecia nos Estados Unidos a corrida pelo ouro. Os mineradores trabalhavam incessantemente e precisavam de roupas que fossem resistentes para o trabalho pesado das minas. Em 1853, o jovem judeu alemão Levi-Strauss foi ao velho oeste americano vender lona para cobrir as carroças dos mineradores, mas não encontrou demanda para o seu produto diante de um mercado já saturado. Teve então a incrível ideia de levar um dos trabalhadores ao alfaiate e, com o tecido que não conseguiu vender, confeccionou uma calça altamente resistente.
Logo as calças feitas com lona se espalharam entre os mineradores. No entanto, esse material era muito rígido e desconfortável, o que fez Strauss buscar um tecido mais flexível, porém de igual resistência. Foi como chegou ao “denim”, tecido que vinha da região “de Nîmes”, na França. Usado pelos marinheiros Genoveses, apelidados de “genes” pelos franceses e em seguida de “jeans” pelos americanos, o tecido fez sucesso imediatamente. A cor azul veio só depois, em 1890,  quando Strauss decidiu tingir as peças com o corante de uma planta chamada Indigus, dando a cor pela qual o jeans é hoje conhecido. Foi uma estratégia para transformar a sua criação em uma peça mais atraente. 

Os bolsos traseiros só foram inseridos em 1910. 
As famosas tachinhas de cobre nos bolsos vieram para dar mais durabilidade e ainda mais resistência, uma vez que não resistiam ao peso à que eram submetidos. Quem teve a ideia deprender os bolsos com os mesmos rebites que eram usados nas correias para cavalos foi o fabricante de capas para equinos Jacob Davis, que viria a tornar-se sócio de Levi-Strauss no empreendimento.
Depois disso outros trabalhadores começaram a usar a peça para as tarefas que exigiam maior força física.
Foi somente a partir do século XX, mais precisamente na década de 30, que o jeans começou a se popularizar, Passou a ser usado pelos cowboys norte-americanos, quando apareceu em filmes que retratavam o clima western, que se tornou moda. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados norte-americanos usavam uniformes confeccionados com o tecido, dando ao denim uma imagem de virilidade. Após a vitória dos Aliados, o jeans se espalhou pelo continente Europeu.
Na década de 40, os cowboys do asfalto montavam suas motos Harley-Davidson trajando o jeans. Mas foi na década de 50 que o jeans se transformou em símbolo de rebeldia, quando, no filme Juventude Transviada, o ator James Dean, no papel do jovem e rebelde Jim Stark, apareceu usando a combinação clássica: calça jeans e camiseta branca. 
James Dean


Além de Dean, Marlon Brando e Elvis Presley contribuíram para que o artigo se disseminasse entre os jovens da época, que teve sua imagem intrinsecamente ligada ao rock. 
Marlon Brando
A imagem rebelde do jeans se tornou tão forte, que o traje passou a ser proibido nas escolas e em lugares como cinemas e restaurantes. Logo depois, novas modelos, como Marylin Monroe, usavam o jeans com um apelo sensual.
Marilyn Monroe
Depois de James Dean e Marlon Brando, vieram os Beatles, Bob Dylan e Jimi Hendrix, e o jeans continuou se colocando como peça principal do visual jovem. 
Beatles
Na década de 70, com a guerra do Vietnã, surgia um novo grupo, cujos ideais eram baseados na busca pela paz. Os hippies americanos adotaram o jeans como peça essencial do visual largado e mais uma vez ele se tornou parte de uma cultura jovem. Foram os hippies que introduziram a idéia de customização das peças, feitas por meios artesanais e logo em processos industriais. Ele havia entrado de vez para o vestuário, como uma peça funcional e barata, sempre ligado a um símbolo de juventude. 

Na mesma época o jeans inicia sua globalização e se insere na indústria européia, que transformou a aprimorou o design e o acabamento, se tornando grande referência na produção do artigo na indústria da moda. 

O primeiro estilista a colocá-lo na passarela foi Calvin Klein, em 1970, fazendo com que o produto chegasse a todas as classes sociais.
Brooke Shields em campanha para a Calvin Klein


Aliás este é o seu grande trunfo: a inclusão social. Tanto um simples operário quanto pessoas ricas o utilizam. O jeans ainda ganhou outro público depois da inclusão do elastano em sua composição, dando o caimento perfeito tão apreciado pelas mulheres.
Antes dos anos 80, no entanto, era muito desconfortável, pois chegava ao consumidores sem nenhuma lavagem e engomado. Esse desconforto só desaparecia após algumas lavagens domésticas.
Foi justamente nessa época que as lavanderias industriais surgiram e foram responsáveis por desengomarem e amaciarem o jeans. Com a criação do “stone wash”, nome conferido ao uso de pedras no processo, as calças passaram a ter um efeito envelhecido, permitindo assim criar vários tons de azul. Jeans claros e escuros, pela primeira vez, andavam lado a lado nas ruas. Já as rasuras são produzidas com ferramentas de construção, como por exemplo, a esmerilhadeira.
O jeans atravessou o século XX sofrendo incessantes transformações, resistindo às tendências e modismos, propagando estilos e comportamentos e se tornando o maior fenômeno já visto na história da moda, um acontecimento sem precedentes. 

O jeans transcende a moda, e talvez já não possa ser denominado como tal; está acima dela, pois, embora sofra alterações ao longo do tempo, ele permanece vestindo homens, mulheres e crianças, há 150 anos.

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