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terça-feira, 10 de maio de 2011

Cópia Fiel e vestido Lanvin de Juliette Binoche


Essa semana fui assistir “Copia Fiel”, filme do diretor iraniano Abbas Kiarostami, com a atriz Juliette Binoche e o cantor lírico britânico William Shimell. Confesso que foram duas horas difíceis, mas talvez necessárias. Digo necessárias porque me cansei de ver filmes típicos de Hollywood, com atores lindos (sem nem de longe tirar o mérito de Willhiam Shimell, diga-se de passagem) e finais felizes. Essa overdose de ilusões atrapalha o nosso posicionamento diante da dura realidade das nossas vidas. Acabamos acreditando que tudo vai dar certo sempre. É claro que é muito bom acreditar nisso, mas sem nunca esquecer que existe a possibilidade do fracasso. Ou do sucesso demorar um pouco mais para chegar do que a duração de uma produção cinematográfica.
Em meio a cenas que contrastam paisagens belíssimas da Toscana com locações um tanto quanto sombrias, somos envolvidos em uma trama misteriosa que por vezes mostra a ficção criada pelos personagens e por vezes a sua realidade. O resultado é a dura conclusão de que as relações humanas são difíceis e tendem freqüentemente a chocar universos muito diferentes. Universos estes que são incompletos mas não complementares. Diante desse aparente labirinto emocional, sofremos com os personagens sem saber se existe uma saída. Resta acreditar que é possível, com muita flexibilidade e humildade, construir relações saudáveis e duradouras. Se ficou muito confuso de entender, sugiro dedicar um par de horas para conferir esse filme nada convencional e preparar-se para tomar um banho de realidade.  Não que eu tenha algo contra filmes que justamente nos afastam da realidade. As vezes é preciso relaxar um pouco e se presentear com uma pausa nos problemas enfrentados no dia-a-dia. Mas não é aconselhável nos intoxicarmos com filmes que não condizem com nossa realidade. Desta forma, entre alegrias e dificuldades, estaremos preparados para encarar o meio termo de nossas vidas. Com muito otimismo!
Aproveito para deixar minha observação fashion sobre o vestido Lanvin usado por Juliette Binoche durante todo o filme, pelo qual aliás ele foi proibido no Irã. Bege e com a saia rodada de caimento perfeito, foi uma opção simples, elegante e certeira. O objetivo do filme provavelmente é que o vestido não roube a cena. Desta forma a produção é muito simples, sem necessidade de maiores acompanhamentos, salvo um cena curta em que aparecem brincos enormes, os quais justamente são colocados como uma forma de sofisticar o look. Assim como os brincos, poderia ter sido um cinto ou uma bolsa coloridos, ou então, um sapato que chamasse mais a atenção. Mas a intenção do filme são era essa. Neste caso a roupa era coadjuvante, não atriz principal. Aliás existe uma reflexão interessante sobre o posicionamento das coisas, que se relaciona diretamente com o nome do filme. Dependendo do ponto de vista do observador, a cópia pode ser mais original do que o próprio original. Trazendo a reflexão para o mundo da moda, em meio a originais e imitações, o mais importante é acharmos nosso lugar no palco (ou passarela seria mais apropriado?) e deixarmos vir a tona a nossa própria personalidade e, por que não, originalidade.
Mais um  detalhe: pelo trabalho, a atriz Juliette Binoche foi premiada como melhor atriz no Festival de Cannes 2010. Na entrega do prêmio a francesa exibiu um papel com o nome do diretor iraniano Jafar Panahi, que estava preso há mais de um mês, acusado de ter preparado um filme sobre as manifestações posteriores à reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad em 2009. Panahi foi solto 48 horas depois do encerramento do Festival de Cannes, para o qual havia sido convidado a integrar o júri.


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